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CBR divulga esclarecimento sobre mamografia e câncer de tireoide

Publicação de Linei Brolini Delle Urban para a Comissão Nacional de Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia (14 de fevereiro de 2012)

        Vários estudos têm confirmado a importância da mamografia na redução da mortalidade pelo câncer de mama. Por outro lado, existe preocupação sobre os efeitos que a radiação ionizante possa trazer para o organismo. Em especial, uma discussão sobre o aumento do câncer de tireoide nas pacientes submetidas ao rastreamento mamográfico tem circulado na internet recentemente, causando ansiedade entre as mulheres. Sobre isso, alguns pontos devem ser esclarecidos.

1. A alusão ao efeito da mamografia em aumentar a incidência do câncer de tireoide é feita sem base científica, pois há diversos estudos publicados que mostram que o exame de mamografia não expõe a tireoide a doses consideradas nocivas;

2. Segue abaixo a tradução do texto original sobre o uso de protetores em mamografia, extraído do documento Quality Assurance Programme for Digital Mammography – IAEA Human Health Series n°17, página 139, publicado pela Agência Internacional de Energia Atômica, em 2011:

“Na mamografia moderna, há uma exposição insignificante para outros locais sensíveis à radiação que não seja a mama. O principal valor da utilização do vestuário da proteção contra radiações é psicológico. Se tal vestuário deve ser fornecido, só deve ser feito a pedido da paciente. O vestuário não deve ser mantido em exposição na sala de exame. A presença dos aventais e colares na sala de mamografia pode sugerir que seu uso é uma prática aceitável, o que não é o caso.”

“Tanto cálculos como medidas mostram que a quantidade de radiação atingindo a tireoide durante a mamografia é insignificante. A quantidade de radiação atingindo os ovários é ainda menor, devido à atenuação pela bandeja de suporte da mama existente no mamógrafo; somente uma fração extremamente pequena de radiação dispersa atinge outras partes do corpo humano. A dose calculada para tireoide para um exame de quatro incidências é menor do que 0,33 mGy. Isso é cerca de 1% da dose que seria recebida pela mama durante o exame e é igual à dose que seria recebida pela tireoide por 3 dias de radiação natural de fundo (nota da tradução: a radiação natural de fundo provém do espaço extraterrestre e de materiais radiativos existentes na crosta terrestre). Em outras palavras, isso seria o equivalente a receber 368 dias de radiação natural de fundo por ano em vez de 365 dias de radiação de fundo que seria recebida sem o exame. A radiação natural de fundo varia de localidade para localidade em valores muito maiores do que este.”

       Portanto, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica, o uso do protetor de tireoide em exame de mamografia não é recomendado na rotina, devendo ser utilizado apenas nos casos em que a paciente o solicite. É importante sempre informar que a utilização dos protetores pode inclusive atrapalhar o exame, pois se não for bem colocado na paciente, pode ser a causa de repetição nos casos em que a sua imagem se sobrepõe à imagem da mama.